Vieram me dizer que hoje é dia do amor. Impossível não entrar de cara no modo clichê e, ainda que mentalmente, questionar o vazio: e que dia não é?
Falei sobre amor uma vez. Fiz um paralelo entre amor e tecnologia. Comparei humanos e máquinas e coloquei ele, o amor, como nosso grande diferencial. Muitas coisas legais aconteceram desde então. O culpo pela abertura desses caminhos.
Aprendi que existem diversos tipos de amor, incluindo conceitos surpreendentes. Eros, ludus, philautia, pragma, storge, philia, ágape… isso apenas para nomear alguns. Aprendi também que amor nunca é fraqueza, mas uma força devastadora que nos faz capaz de qualquer coisa. Para o bem, veja bem. Afinal, como diz Cornell West, “Justiça é como o amor se parece em público”.
Quando a gente aprende a enxergar o mundo através da lente do amor, buscamos encontrar nosso lugar de responsabilidade em cada ação, gesto, movimento ou acontecimento. É diferente do que estamos acostumados a praticar, o olhar do ego. Neste, apontamos culpados e nos colocamos acima de tudo, como poderosos juízes do universo. (Qualquer semelhança…)
Amor tem a ver com conexão, com se sentir parte, com a ideia de que não estamos separados. E isso em nada exclui a individualidade de cada serhumaninho. Ao contrário, dá sentido à ela. A Anne Murray disse uma vez: “Um neurocirurgião que eu conheço disse que o cérebro foi feito para amar. O que ele quis dizer, eu acredito, é que o cérebro está saudável quando suas conexões funcionam lindamente. E ele enxergou o amor como a maior forma de conexão”. Não é lindo isso?
Eu também gosto muito de uma frase da Samantha, personagem do filme Her (Ela) e, pasmem, um sistema operacional inteligente (um robô, caso não tenha ficado claro). Ela diz que “o coração não é uma caixa a gente preenche, ele expande em tamanho quanto mais a gente ama”. Mas a gente não se permite amar, né? Muito menos várias pessoas ao mesmo tempo. Reflita: Será que não levamos esse sentimento visceral, essencial, para a lógica da escassez?
Nossa sociedade precisa de uma nova lógica. E isso passa por dimensões diversas: de modelos econômicos, a hábitos de consumo. Ainda assim, tendemos a olhar pra fora e não refletir sobre as mudanças internas que precisam acontecer. Entre elas, o resgate ao amor.
A mudança parte do local para ir para o global. Importante lembrar aqui que o mais local possível somos nós mesmos. Então… bora nos amar?
por Beta Ramos