o ZEN no empreendedorismo

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*Créditos da foto de ilustração: Secco Fotografia (por Felipe Secco Richter)

*Esse texto foi escrito a partir da prática constante de Karatê-Do, meditação, leitura sobre ZEN e palestra que dei em agosto de 2018, no Future Talks SP, da WTF! School

*Texto revisado por Sensei Fernando Malheiros Filho (6º Dan Karatê-Do, estilo Shotokan/JKA) 


Com a intenção de colocar todos no mesmo ponto de partida, começo este texto elucidando quais são e o que significam cada um dos cinco estágios da mente no ZEN, que são extremamente presente para o praticante de arte marcial e que deveriam também estar presente na vida do empreendedor. São eles:

SHOSHIN: Mente de principiante. É uma mente sem melindres, sem traumas e experiências anteriores e que, com curiosidade, busca a evolução sem qualquer pré-conceito.

MUSHIN: Mente livre de pensamentos e emoções. É uma mente que não está presa a nada e altamente conectada com o todo, com o seu interior. Um conceito atrelado ao autoconhecimento.

ZANSHINMente atenta. É uma mente em alerta no ambiente que estiver e, ao mesmo tempo, conectada com o ambiente.

FUDOSHIN: Mente convicta. É uma mente destemida, forte, enraizada, que tem conhecimento de si e do ambiente, para seguir convicta, independente dos obstáculos, e atingir o seu objetivo.

SENSHIN (SATORI): Mente iluminada. É o conceito que explica a transcendência, o momento que a mente compreende novos conceitos, situações e possibilidades. A partir disso, volta ao estado de SHOSHIN para continuar sua evolução.

Seja você praticante de arte marcial, seja você empreendedor, existe a possibilidade de ver a sua evolução a partir da perspectiva dos cinco estágios da mente no ZEN (há, claro, possibilidade de falar analogamente dos cinco estágios em qualquer ação humana). Eis que agora passo a falar da minha percepção entre cada um dos estágios e a vida do empreendedor como um todo.

Antes de sermos empreendedores, somos seres humanos em busca de algo. Somos pessoas curiosas, viciadas em novas descobertas e em adquirir mais conhecimento. Acima de tudo, somos interessados em criar. Sem entrar no conceito e na etimologia da palavra empreendedor, sabe-se que esse é o aventureiro do mundo dos negócios. Na maior parte das vezes é, ao mesmo tempo, o principiante em seu mercado. Sem vícios daquele segmento, a fim de fazer a diferença, de fazer diferente, traz novidades e/ou inovações, que deixam claro que não ter uma mente melindrada pelos padrões do mercado ou por experiências prévias, faz com que ele entregue algo completamente impensado por quem ali já trabalha há muito tempo. A mente do empreendedor, neste empreendimento, é SHOSHIN. Que coisa maravilhosa, não é?! Ter a mente de um principiante… Não à toa, nas artes marciais, a primeira faixa de um praticante, é a faixa branca: nela está a presença de todas as cores, significando que não há nada pré-determinado. No começo, tudo são possibilidades.

A partir do momento que o empreendedor define que vai empreender, ele começa uma reflexão para ver as suas capacidades, suas deficiências, o que mais lhe cativa e o que menos lhe interessa. É uma fase de introspecção, um momento de conexão consigo para se reconhecer e se autoconhecer, onde a mente não está presa a pensamentos ou a emoções, mas está conectada com o todo, está percebendo e sentindo cada reação. Nestas circunstâncias, a mente é MUSHIN. Um processo natural para todo empreendedor: se respeitar, se aceitar como é, se conhecer cada dia mais, para se desenvolver constantemente. Mais do que isso: para saber quais características devem ser desenvolvidas e quais devem ser complementadas por sócios, conselheiros, parceiros e colaboradores.

Quando o empreendedor já percebeu que tem algo que pode ser inovador/diferente para desenvolver no mercado e já se conectou consigo para se contextualizar com o seu projeto, chega o momento de estar atento ao que acontece neste mercado. Perceber as ações de seus concorrentes, ter pesquisas de mercado atualizadas, entender o que faz falta na opinião dos consumidores e o que não pode faltar jamais. É a mente ZANSHIN: a fase de comprovar suas teses (ainda na teoria), conversar com pessoas, ler notícias e estudos. Estar, invariavelmente, atento e em estado de alerta com o meio externo, com o ambiente que o seu projeto será colocado em prática, onde o seu negócio existirá.

Passados os estágios SHOSHIN, MUSHIN e ZANSHIN, surge a possibilidade de tomar coragem e colocar o negócio em prática, seja a partir de um MVP com pouco investimento (para quem gosta dos conceitos de startup), seja a partir de um negócio já bem estruturado com muito investimento. Agora, é necessário estar forte, enraizado em suas convicções, e seguir em frente, superando os obstáculos que surgirem, para atingir o seu objetivo e conquistar espaço no mercado. Essa é aquela fase em que o empreendedor salta do avião, ou é chutado dele, tomando o risco, para se realizar como empreendedor. Muitos atingirão seu objetivo abrindo o paraquedas (que sabiam que tinham), outros terão que achar uma alternativa no meio da queda. Enfim, a fase que não tem mais volta. Com certeza, o melhor é, a partir de então, seguir convicto na busca de atingir objetivo que foi criado. É a mente FUDOSHIN: a mente que segue destemida para superar todos obstáculos no intuito de atingir o seu objetivo.

Agora, o empreendedor já está com o seu negócio no ar, ele pivota quando necessário, ajusta as velas e muda o rumo quando convém, mas jamais perde o foco de onde precisa chegar. Assim, ele conquista mercado, desenvolve seu produto constantemente, conquista clientes, fideliza alguns, e já é percebido e acompanhado por grandes players do mercado. Ele realiza que já é um faixa-preta, já foi iniciado no processo e não tem mais tantas possibilidades quanto tinha antes de lançar o negócio… Nas artes marciais, a faixa-preta significa que você já tem responsabilidade e conhecimento suficiente para seguir o caminho (Do) da arte escolhida (lembre-se: preto é ausência de todas as cores. Logo, ao contrário da faixa-branca, você já não tem mais todas as possibilidades). Entretanto, como um iniciado, e tendo obtido algumas conquistas com o seu negócio, o empreendedor compreende novos conceitos, percebe novas questões e, ao mesmo tempo, novas possibilidades. É a mente SATORI: o momento de transcender, desenvolver o seu negócio para poder crescer mais e melhor, ter estrutura e seguir o processo natural de um empreendimento: fazer a diferença na sociedade, seja ela qual for.

No fim, quando a mente está iluminada (SATORI) ela evolui, e passa a uma nova etapa, que se iniciará com SHOSHIN, passando por MUSHIN, ZANSHIN, FUDOSHIN, até chegar novamente em SATORI, para seguir sua espiral evolutiva como pessoa e empreendedor… Não por acaso, a faixa-preta é feita de seda, que com o tempo descasca e deixa à mostra a sua alma (que é branca!): para que o praticante nunca se esqueça por onde ele começou, e que é sempre importante estar aberto ao novo, como se principiante ele fosse. Fazendo, assim, com que a evolução seja uma constante fundamental para a manutenção do negócio e da vida do empreendedor dentro de seu mercado.

* importante ressaltar que o ZEN tem o propósito de desenvolver o mundo interior do seu praticante. Com isso, mesmo o insucesso do negócio pode gerar benefícios e evoluções sem precedentes para o empreendedor (mas isso é assunto para outro texto).

Assim, encerro a minha percepção sobre a evolução do empreendedor ao longo de sua jornada pelas perspectivas dos estágios da mente no ZEN. 

Oss!

André Secco Richter Apaixonado por Esporte, entusiasta do Empreendedorismo, e ávido estudioso da Economia Colaborativa, André vem tentando transformar o esporte a partir da colaboração! Assim, fundou a Alster em 2017: Crowdfunding 100% esportivo.

Texto originalmente postado em: https://alster.esp.br/andreseccorichter/zen-no-empreendedorismo/

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