Fui convidado para escrever um texto para a coluna de inovação do Abinforma, informativo da Abicalçados, desse mês. Acho que ficou bacana, então resolvi compartilhar aqui também.
Não estamos vivendo uma era de mudanças, e sim uma mudança de era! Essa frase, atribuída à Chris Anderson, reflete o cenário de grandes transformações dos tempos atuais. Em geral, a força de trabalho atuante hoje nasceu em uma era industrial, que tem características oriundas deste modelo: linearidade, segmentação, repetitividade e previsibilidade. Mas já estamos vivendo a era digital, onde as características são opostas: não linear, multidisciplinar e conectada o que torna o futuro exponencialmente imprevisível.
A economia na era digital parte de produtos e serviços que são de fato digitais, ou seja, têm reprodução perfeita, à um custo de reprodução zero com entrega instantânea. Este cenário potencializa mudanças drásticas de consumo. Pessoas começam a valorizar mais acesso e experiência do que posse e produtos, o que faz nascer uma economia colaborativa. A cultura maker se torna cada vez mais acessível, permitindo que as pessoas produzam e construam objetos de acordo com suas necessidades, utilizando, por exemplo, impressão 3D. Trabalhar em rede e de forma mais aberta e colaborativa é mais fácil e comum através de ferramentas digitais.
Empresas e gestores devem entender essas alterações e iniciar um processo de mudança na forma de se relacionar com o mercado e também entre os colaboradores da empresa. Uma forma de fazer isso, é se conscientizar de que as mudanças, cada vez mais velozes, impactam todos os ecossistemas. É um erro pensar que as mudanças não vão chegar na nossa empresa e nosso mercado.
Tangenciando o setor calçadista, já se percebe movimentos em termos de tecnologias de fabricação, como solados impressos em 3D e materiais com base em nanotecnologia, em automações de atividades produtivas que se utilizam de Internet das Coisas, Inteligência Artificial e Big Data.
Em termos de consumo, é cada vez mais frequente a criação de plataformas que propõe venda ou troca de produtos usados, conectando pessoas e não negócios. Este cenário projetado culmina em uma possível redução da produção e da demanda. Hoje pode parecer que esse movimento seja tímido, mas como as tecnologias atuais crescem de forma exponencial, é bem provável que em um dado momento, esse comportamento se acelere vertiginosamente.
No Brasil é comum as coisas chegarem um pouco depois, especialmente em relação à países desenvolvidos. Somos acostumados com esse “delay”. Mas este ponto exige atenção, pois com mudanças mais velozes, este delay fica cada vez menor e se não nos prepararmos, poderemos ser pegos de surpresa.
Reza a lenda, que certa vez um sapo foi colocado em uma panela com a água fria da lagoa em que ele vivia. A panela foi aquecida lentamente, e o sapo gostara da sensação e nem cogitava pular fora até que a água ferveu e ele morreu dentro da panela. Já outro sapo, da mesma lagoa, foi jogado na panela com água fervente. Ele não hesitou e pulou fora. Apesar de algumas queimaduras, o sapo preservou sua vida.
Reflita, você é um sapo escaldado?
por Felipe Menezes
